terça-feira, 20 de setembro de 2011

Momento Fernando Pessoa... Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm.


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração


Fernando Pessoa

sábado, 17 de setembro de 2011

Eu preciso...

Preciso de ir
Preciso de partir
Preciso de deixar
De te deixar...

E a ti também.
Preciso de ar...

Ar em mim
Ar no meu coração...
Ar à minha volta
Ar para poder voar!...

Meu coração bate em mim
duas vezes por vezes
E eu não posso
Não quero (querer) mais.

Ter-te nele...
E nem a ti.

Amo-te...
Sinceramente, amo-te.
A ti faltou oportunidade
(Creio,) para amar.

Quis-te, tive-te.
E novamente,
Sem esperar,
Tive-te...

A ti quis-te em mim
E tive-te
Saudades e vontades senti
E mais ou menos, tive-te...

Agora eu quero mais
Muito muito mais...

"Gananciosa!", dirão
Não me importo.
O primeiro passo é sonhar
Resta-me seguir, caminhar.

Sim, quero lutar
E de alguma forma, ganhar.
Quero encontrar!...
Sim, quero voar.

Lutarei e (de alguma forma) ganharei
Encontrarei e voarei.

Unir-me-ei então apenas
Quando mais força encontrar
Com quem, de facto,
Amar.

(Continua...
Embora não aqui. !)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Este mundo está de pernas p'ró ar.
E eu preciso de (em certas coisas) não pensar.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Porque (também) penso assim...

"Ah!, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "Vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei, que não vou por aí!

José Régio, "Cântico Negro", 1925